Saturday, November 20, 2010

Profissionalmente Incompativeis

O Sr. Aníbal era o funcionário mais antigo da empresa, e finalmente tinha decidido se reformar. Ele era o chefe de um dos departamentos mais importantes, e a vaga que ele ia deixar livre era desejada por muita gente.


Foi uma surpresa para todos, quando o presidente me convidou para ocupar aquele lugar. Eu nunca pensei assumir tal cargo, até porque nunca tinha trabalhado naquela vertente, mas assumi a responsabilidade.


Eu não fui muito bem recebido pela nova equipa de trabalho, mas com o passar das semanas, as coisas foram normalizando, e a produtividade até aumentou, em relação ao passado. O meu único problema passou a ser a Letícia.


Ela era uma mulher irreverente, pouco mais jovem que eu, e começou a contestar tudo o que eu lhe pedia para fazer, tornava-se enervante, pois nunca concordava com nada. Foram muitas as ocasiões onde tivemos discussões feias, e cheguei a pensar por diversas vezes, solicitar à direcção o seu despedimento.


Eu necessitava de alguém para o próximo sábado, para organizar o arquivo, que devido ao excesso de trabalho, estava a ficar esquecido e extremamente desorganizado. Ninguém se mostrou disponível para ganhar umas horas extra, sendo a desculpa de todos, o facto de não terem ninguém com quem deixar os filhos. A Letícia, um pouco a contra gosto, aceitou ir trabalhar, até porque vivia sozinha num apartamento alugado e todo o dinheiro lhe fazia falta.


Eu não sabia como as coisas iriam correr, afinal iríamos ficar os dois, todo dia, num pequeno espaço fechado, mas estava confiante. A Letícia apareceu com uns headfones, com a música bastante alta, talvez com o objectivo de não ouvir minimamente o que lhe teria para dizer, mas em contrapartida, vinha com uma roupa mais casual, o que a transformava numa mulher muito mais bonita.




O dia estava a ser bastante produtivo e os dois, em poucas horas, tínhamos conseguido organizar a maioria das situações que estavam a ficar caóticas Pouco depois do almoço, quando fizemos uma pequena pausa, em silêncio, os nossos olhos fixaram-se de um modo que nunca tinha acontecido. Acho que o facto de eu não estar vestido com o meu habitual fato clássico, e de gravata, fez com que ela olhasse para mim de uma forma também diferente. E foi nesse momento, que de uma forma totalmente inesperada e inadvertida, os nossos lábios tocaram-se.


A calma do primeiro beijo foi trocada, pela forma intensa e rápida com que começamos a tirar a roupa dos nossos corpos. A mesa que se encontrava cheia de pastas e dossiers ficou rapidamente vazia, com tudo a cair no chão, devido à entrega dos nossos corpos. As primeiras palavras que ouvi sair da boca da Letícia naquele dia, foram expressões ordinárias, a ordenar-me para entrar dentro do seu corpo. Eu fiz-lhe a vontade, e naquele momento, eu tinha acabado de chegar a um incrível paraíso A Letícia era incrivelmente deliciosa.


Sentindo-me dentro do seu corpo, ela incessantemente ofendia-me, chamando-me “cabr…, chul…,palh….”, e aquelas palavras deixavam-me descontrolado, e respondi-lhe, exactamente com a mesma moeda chamando-lhe “put..,cabr…,vac..”.


Aquelas palavras serviam para alimentar o momento e para descarregar a raiva que tínhamos acumulado um pelo outro, durante as ultimas semanas. Tudo terminou, quando a Letícia, de um modo totalmente submisso, quis sentir o meu quente prazer, a escorrer em todo o seu rosto. Tudo foi sem dúvida inesperado. 


Na segunda-feira seguinte, tudo voltou à normalidade, como se nada tivesse acontecido, com discussões, problemas, estando sempre em desacordo, afinal nós os dois éramos profissionalmente incompatíveis.


Foto: Gabriela Medina (Corbis.com)

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