Sunday, October 10, 2010

Comida... com Sedução

Tu conheceste o meu Blog quando eu fui entrevistado num programa de radio, onde o tema era o “Simples Atracção”. Ficaste curiosa com o que estavas a ouvir, e foste até ao site, e perdeste horas a ler todas as histórias que lá estavam publicadas.


No final, assumindo toda a curiosidade em conhecer o escritor de tanta ousadia, adicionaste no teu MSN apenas.simplesmente@gmail.com. Eu obviamente aceitei, como aceito todos os meus leitores.


Eu senti que tu eras uma mulher especial, educada e ousada, inteligente e atrevida. Tu dizias ser uma mulher difícil de ser seduzida, mas que adoravas seduzir. Em tom de brincadeira, começaste a chamar-me “taradinho”, e porquê? Porque tu dizias que um homem que escreve este tipo de textos só pode ser tarado. Isso irritava-me, pois não me sinto nenhum tarado, e eu disse-te que poderia provar isso. 


Aquele jogo de palavras e acusações prolongou-se durante algumas semanas, até que eu acabei por convidar-te para jantar comigo, em minha casa. Eu queria provar-te que sabia ser um homem romântico, sensato, normal, longe do rotulo de “tarado” que tu insistia em me colocar.


Preparei tudo para brilhar. Quando tu chegaste, tocou à companhia do portão da rua, e eu pelo intercomunicador disse-te: “Olá, segue o caminho que os teus sentidos te indicarem…” Entre o portão da rua e a sala, coloquei pétalas de flores indicando o trajecto, e tochas a arder. Tu chegaste à sala, com um ar espantado, mas com um vestido negro arrebatador.



À meia-luz, e com uma música ambiente relaxante, adiei a minha chegada, com o objecto de te deixar ansiosa. Mandei te uma mensagem para o telemóvel: “senta-te na cadeira do topo da mesa”. Cheguei em silêncio, pé entre pé, e por detrás, coloquei-te uma venda vermelha nos olhos. Assustada mas rendida, aceitaste que eu te levasse à tua boca uma Ostra com limão. Ficaste arrepiada? Sim, não podes negar…


Decidi tirar-te a venda e acompanhante no saboroso deleite daquele marisco. Excitante? Os teus olhos acompanhavam os movimentos da minha língua, e a forma de como a minha boca sugava o sumo daquele fruto do oceano. A tua imaginação, certamente imaginava aqueles movimentos no teu corpo, repetidamente no sítio certo. Sem pausas nem descanso, e cada vez de uma forma mais intensa e mais voraz.


O Champanhe aqueceu ainda mais os nossos corpos, e eu apercebi-me que a tua mão, por vezes, desaparecia de cima da mesa. Onde iria ela? Eu estava como tu: excitadíssimo. Confesso que naquele momento queria ser tarado, dizer-te tudo o que me apetecia: “quero que sejas minha, quero entrar dentro do teu corpo, quero sentir o teu sabor salgado, quero dar-te prazer, quero comer-te, quero-te f…”


Mas eu tinha de ser forte, o objectivo deste jantar era exactamente o contrário, eu tinha de provar que não era tarado. Mas do teu lado, as coisas também não estavam fáceis, pois para uma mulher que se dizia resistente e intocável perante os homens, e impossível de ser seduzida, tu parecias que estavas morta para correr para os meus braços, louca para te entregar, desejosa de ser penetrada.


Aquele jogo de sedução prolongou-se ridiculamente, até que de forma sensual, os nossos lábios acabaram por se tocar. De uma forma erótica, a minha língua percorreu toda a Ostra que tu tinhas na tua boca. Nesse momento, deixaste de ser a dama que eu conhecia, e envergaste a pele de uma devassa dizendo: “Vem… o meu corpo chama por ti, saboreia-me, devora-me, possui-me, penetra-me… vou ser tua, toda tua, quero ser tua… faz-me sentir mulher, verdadeiramente mulher… sinto-me uma fêmea com o cio…”  


Adorei a forma com te abriste para mim, e foi nesse momento que deixaste de ser a dama que eu conhecia. Nunca mais me esqueci daquela noite.




E tu, dizes que ainda hoje sentes a viscosidade de tudo o que deixei dentro do teu corpo...


Foto: Serge Krouglikoff (Corbis.com)

No comments:

Post a Comment