Sunday, January 9, 2011

Mundo de Coincidências



Foi uma ideia fantástica ir comemorar o meu aniversário na Riviera Maya. No entanto, escolhemos provavelmente os piores dias para a viagem, pois no dia da chegada, devido à pandemia de uma doença que estava a ter origem no México, tivemos de passar por uma junta médica. Felizmente, comigo estava tudo bem, mas a Filipa foi aconselhada a passar pelo menos um dia de quarentena no quarto, para analisar alguns sintomas.


Fiquei sozinho, e fui até à praia de Tulum, onde as águas em tons de azul-turquesa do mar das Caraíbas, criavam um ambiente fabuloso. Com o clima de medo que se tinha criado nos turistas e na população, a praia estava praticamente deserta. 


Perto de mim estava uma jovem loirinha, também sozinha, que acabou por correr na minha direcção, com medo de uma iguana que se aproximou dela. Quando a ouvi falar, percebi logo que também era portuguesa, que coincidência.


Sotaque nortenho, loirinha, meiga, simpática. Ficamos horas a conversar. Tínhamos muitas coisas em comum, mesmos gostos, os mesmos hobbies. Gostávamos das mesmas músicas, dos mesmos livros, dos mesmos filmes. 



Tantas coincidências… mas o mais engraçado foi quando lhe informei, que aquela viagem era uma prenda de aniversário, e que eu fazia anos exactamente naquele dia… Ela perdeu o controlo e começou a rir de uma forma irracional, que eu não conseguia perceber… o motivo? Era também o aniversário dela.


Eu de uma forma involuntária, senti a curiosidade de beijar uma mulher que fazia anos no mesmo dia que eu, e dei-lhe um beijo na boca… que ela recebeu com agrado, respondendo-me, fazendo a sua língua tocar na minha. Foi um beijo demorado, que foi apimentado com as nossas mãos a percorrer os nossos corpos. A curiosidade era mútua e entramos num filme sem saída… Uma praia deserta era um cenário perfeito.


Tendo a areia mexicana como colchão, e as iguanas como única testemunha, acabei por entrar dentro de uma mulher que fazia anos no mesmo dia que eu, e incrivelmente, eu parecia ter encontrado um encaixe perfeito, uma sintonia única, algo que eu nunca tinha sentido. Ela estava deliciada com a forma que eu percorria o seu interior. Seria pela data de nascimento? Ou pela envolvência do mar das Caraíbas? Ou ela seria a verdadeira “tampa da minha panela”?


O que é certo, é que aquele momento se tornou em algo tão saboroso e especial, que tudo foi feito com calma, estupidamente devagar. Olhos nos olhos, lábios nos lábios, e aquele delicioso movimento de penetração, em que eu saboreava cada saliência, cada relevo e cada recanto do seu interior, sempre na temperatura ideal, e de uma forma que nos fazia esquecer por completo, o símbolo que tínhamos no dedo da mão esquerda. 


O remate perfeito daquele momento, era o seu sussurrar, com um delicioso sotaque do norte, com pedidos ordinários de prazer, que me deixavam perfeitamente louco. Chamava-se Maria, exactamente o nome da minha primeira namorada. Apenas mais uma coincidência.


Acho que foi o momento de prazer mais paradisíaco da minha vida, uma excelente prenda de aniversário. Ela conseguia explodir de uma forma sequencial e intensa, saboreando tudo ao pormenor. Foi um momento único. Saborear uma pessoa que faz anos no mesmo dia que tu, será sempre assim tão especial?


A caminho do hotel, combinamos entre os dois, que o que tínhamos acabado de viver, era um segredo nosso, e que não podia repetir-se. Tínhamos de respeitar os nossos companheiros. Quando chegamos, o período de quarentena tinha terminado, e encontramos a Filipa e o Carlos a conversar no bar da piscina, de uma forma muito próxima e íntima. 


Ficamos surpreendidos com aquela cumplicidade, mas eles justificaram-se, pelo facto de terem sido colegas, e de já terem sido namorados… Terá sido apenas mais uma coincidência??? 


Neste mundo de coincidência, foi incrivelmente saboroso conhecer o interior de uma mulher que faz anos no mesmo dia do que eu. Inesquecível e perfeito... Tu não gostavas de sentir a mesma sensação?


Foto: Stanislas Merlin (Corbis.com)

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